terça-feira, 19 de outubro de 2010

Borboletas & Cristais

Estar ausente não torna imune a dor

Pois perturba-me seja o que motivo for
Travestindo-se em míserável zombador
Repercutiu nas paredes do teu cérebro
Raiado nos olhos que pouco cerravam


Sim, sei das  insones e solitárias madrugadas

Não ignoro as bebidas e tudo que te ocorria
Notívago guardando sono para clarear do dia
Em manhãs que flagravam o ocaso e olheiras
Dum vampiro frágil e falto de laços de sangue


Pois maldito seja este que sobrevivendo

Recusou extripar teus braços e as pernas
Um ser abstrato que não te quis pedaços
Mas que não te flertou com outros olhos
Senão aquele do terror que te propiciava


Assim, desditoso seja o que roubou a vida de filme inanimado

Refletiu insânia nos olhos de um sujeito inquieto e amargurado
Colidindo a infâmia dos fatos no bailado do teatro dos dedos
Sucumbidos ao pragmático romantismo da fina taça de cristal
Onde a embriaguez do vinho e diversas capsulas tarjas negras

Foram as sedutoras borboletas valsando suicídio na reta final

Copirraiti18Out2010
Véio China©

*(Em memória de um amigo 18/10/2010)

sábado, 9 de outubro de 2010

Paralelos



Quando olho para a linha do horizonte
Pressinto-me convergido ao tudo
É como se os deuses eu avistasse
Escrevendo vicissitudes
Nas ininteligíveis linhas do escuro:
Passado, Presente e as quimeras do Futuro
É ali que estou, é ali que me sinto
Composto em minha sina

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Todas estações - Um círculo vicioso -


Quisera eu vislumbrar o futuro
E no dom da virtude deslumbrante
Entender-me às previsíveis estações
Como um sorriso de flora Primavera
Exalando olor das  pétalas aveludadas
Em vivas tonalidades, natura aquarela

Mas vida não é unicamente tons e nem flores
Assim é possível que mareje os olhos e chore
Pois não sou somente  céu azul e nuvens alvas
Sou denso, enegrecido, tempestades de Verão
Que poderão fazer expulsar de mim os suores
Prantos amaros como as dores de finda paixão

Porém também haverá o meu tempo da razão
E daquilo que não foi feliz  far-me-ei o Outono
Folhas secas em calçadas sem dono, sem rumo
Desunidas pelo murmúrio das queixas do vento
Apontando em mim  crassos erros de percurso
Morte de minha tola poesia repleta de lamentos

Agora, cansado de ser flor, poeta sem ser poesia
Uno meus vasos vazios à famigerada melancolia
Sobrevivendo ao Inverno e às minhas mãos frias
Embriagado nos encorpados vinhos enrubescidos
Cerzindo o embotado de todos meus desenganos
Nas novas fantasias de amor em outra Primavera

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Devoluto

Fingir que não dói,
que não corrói,
que não destrói

Fingir sorrisos certos,
lábios abertos,
está tudo bem, tudo certo

Fingir que não me foi derradeiro
Aquele dia primeiro,
amplo e tão verdadeiro
Mas que hoje me amarga a lembrança
fazendo ranger os dentes d"alma

E eu, impotente urjo esquecer o instante
em que minha alma na tua penetrou
Tentando sobreviver à rubra melancolia
Da sentença que aqui ainda reverbera:

- Ei! acalma-te, é bela a tua alma!
Jamais ficaria com aquilo que não é meu
Há de ter de volta tudo o que é teu -

E assim foi
no escarnio dum abutre sorriso,
que o teu braço se estendeu
e na mão, pela linha da vida
os lábios a minha alma assoprou