terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Caixão e Vela Preta

Ah seu moço eu me lembro das sete moças
Com flores nos cabelos, prometidas donzelas
Fecundadas por mim
Um viajante de boa aparência e muita falação

Pra que fui mexer com poderosos donos de latifúndios?
Se aperrearam e silibaram “esses” entre os dentes
Foi então que aprendi; Com nordestino não se mexe,
Inda mais coronéis abufelados tal guizo de cascavéis

Às custas dos meus sorrisos e alguns bons trocados
Fui logo avisado pela quenga do Beréu do Aleijado
“Te acunha rapaz” Que teu couro ta à prêmio!”
Que nem gado selado, eu era um sujeito marcado

À troco de três ternos riscados
E dum relógio Ômega falsificado
Eu vexado sumi pra caixa prego
Touro jamais deveria ser castrado

Sete longos meses se passaram
E da quenga que confiava recebi uma carta:
A filha de coronel Fogaça embuchara
Portanto prematura nasceu a minha cria

Era uma linda menina de olhos negros iguais aos meus
Mas não a conhecia, pois só fugia, dia e noite, noite e dia
Depois disso minha vida foi tomada de silêncio e estranhei
Pois a quenga jamais respondeu as cartas que mandei

E foi assim numa tarde de tempestade alucinante
Diante a fúria dos raios e trovões dum lugar distante
Que a bala do jagunço me alcançou
O corpo combaliu e não mais tive como fugir

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Sete horas do mês sete dezessete era o dia
Sete velas de três de quartos, sete chamas em sacristia
O riso do diabo faz tremer Virgem Maria
Minas Gerais velava o meu corpo indigente



Copirraiti Ago2010 – Jan2011
Véio China©

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