segunda-feira, 30 de maio de 2011

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Siga-me
Esqueça essas feridas que marcam a sua pele
Essas cicatrizes tão visíveis que pretendem
Constranger

Siga-me
O ferro quente queima e arde
E eu sei da intolerância e o prazer
Que muitos sentem aos nos ferir

Siga-me
Eu posso ver suas marcas
Contorná-las com dedos
Percorrer cada linha, cada dor

Siga-me
Pois elas nos acompanharão
E eu gostaria de curá-las, mas não posso
Pense nelas como obstáculos no caminho

Siga-me
Eu também tenho os meus espinhos
Ferimentos causados por pedras e estradas
Repletas de ciladas e que não soube contornar

Siga-me, e apenas
Acaricie as minhas cicatrizes como afagarei as suas
Não há e jamais haverá ferro em nossas mãos
Nelas apenas o amor de quem não sucumbiu

Siga-me!


Copirraiti 29Mai2011
Vpeio China©

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Fórceps

¨
O que escondes atrás destes teus olhos
E na tristeza de um sorriso tão meigo?
Parece-me haver neles tantos apegos nostálgicos
Que sou capaz de pressenti-los donde estou
Todavia, o desconhecido não me faz decifrá-los

O que está ao meu alcance é aquilo que me permites ver
Não há enganos, pois bem sei,
Que apesar dos teus muitos desencantos
Reflete-se tanta vida neste teus olhar que o justo é se ter feliz
Entretanto percebo; o medo escraviza e não ousa revelar-se

Ah! Será que és ilusão? Gostaria de saber aonde e como te tocar
Descobrir a fenda, a lacuna, um ponto de acesso e transgredír-te
Aproveitar-me da loucura e profanar-me no santo em sua cruzada
Exorcizando a fórceps as feridas impolutas dum olhar melancólico
Que me enfeitiçou sem medos ou  quaisquer ranços de compaixão


Copirraiti 17Mai2011
Véio China®

terça-feira, 17 de maio de 2011

À Deriva

 


Elemento da natureza
Sou matéria do capricho
Do macho e da fêmea
Numa noite de amor e libido

Água, Fogo Terra e Ar,
Beba, se aqueça, ande e respire
Foi o que me ensinaram sem saber
Se haveria salva-vidas dentro de mim
 
Não! Não há e jamais houve
Fora de mim apenas os mares que singro
Ondas calmas e bravias que me naufragam
À deriva, seduzindo-me a não submergir
 
Copirraiti Mai2011
Véio China©
 
 http://vocaroo.com/?media=vUUIQPvWMBewGua8P

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A mentira dos cortesões

Você, língua de fogo, lábios carmim
em boca obscena
a murmurar indecências
dessas que me contaminam.

Eu, labareda incandescente
infectado pelo instinto e desejo
daquilo que é prenda e se esconde
sob o seu justo vestido vermelho

Nós, a rudeza dos seres ordinários,
que se perdem em arco-íris insensível,
e que se esvai das cores que avivam o amor.
Nada mais que viajantes insólitos

[nos delírios das rotas que nos são doentes]

Músculos, artérias e o sangue bombeado
pelo esforço e nos beijos sucumbidos
em bocas salivadas de libido, mas que hoje,
lamentam aquilo que se supôs legado

[a paixão que jamais deveria fenecer]

Enfim, somos o que se repudia, mentiras,
passageiros ensandecidos e vulgares
a viver de um passado que nos devora
quando nos vê extenuados e possuídos

[E o pior, nos chamando de “meu amor”]


Copirraiti 01Mai2011
Véio China®