terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Seis




Seis séculos,
Seis décadas, 
Seis anos, o que são?  

Não sei e talvez ninguém há de saber
O que apenas sei é que eles encerram
As frações de tempo e toda a cultura
Tatuando consciência, fazendo história
Represando os momentos na memória

Os seis anos...Sinceramente?
Não sei e nem há como prever
Portanto teus, só tu para saber

E ao fim talvez nem saibas
Pois o pouco que deles sei 
Sei que vidas serão vividas
Sei de tudo, é pouco, aliás
E do pouco é que sei mais

Seis que amores verterão à luz do dia
Sei dos inesperados sabores amargos
Que secarão junto às folhas de outono

Sei dos atalhos no asfalto da mentira
Sim, essencialmente sei dos humanos
Das suas poucas verdades e da farsa
Sei do sorriso desvendado na alegria
E das mágoas que profanam o peito

Evidente, serei muito mais que óbvio
Pois insistindo humano sei algo mais
Sei do traço, daquilo que é  obscuro

Sei da pele, boca, sei dos beijos
Sei o ponto que abrasa o desejo
Portanto sei das paixões, as taras 
Dos momentos tórridos, instantes
Onde corpos se decretam prazer

Por fim minha amiga, sei que te pareço genérico ao persistir afirmando
que nada sei, e o pouco que do pouco sei não te sacie, pois o comum
despondera e não cala nesta boca que se embriaga nas ruas de Roma.
Entretanto aquilo que  pouco sei vou te dizer, talvez segredo ou legado:

Tudo haverá de se elucidar
Na crua frieza dos segundos
E na calidez do beijo da morte:

Seis horas 
Seis minutos
Seis segundos
Apenas serão seis
Para quê saber mais?


Copirraiti18Dez2012
Véio China©

**Para uma amiga de comunidade.




sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Rota


Ah, poesia!
Poesia que devia
Poesia que supus
Poesia que não deixou a mente

Ah, coração!
Coração que pulsou
Coração que verteu
Coração que procurou versos

Ah, emoção!
Emoção que senti
Emoção que sorriu
Emoção que calou e percebeu

Que bem ao meu lado
Numa linha escondida
A mais simples poesia
Verso que tanto queria

A poesia, meu anjo...
A poesia faremos nós numa sinuosa estrada
Onde ainda não vemos marcas no horizonte
Mas apenas pegadas do meu amor por você


Copirraiti14De2012
Eduardo Pavani ©



quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Fera!


Ah! Se estivesses aqui
Te levaria para as ilhas,
E relaxaria à noite
Ao o som das ondas
Enquanto o vento
Acariciaria nossos corpos
Desnudos e em flamas
Sob singela timidez do luar

Porém não sou só mar,
Sou entranhas, sou fúria
A fera que te espreita
Nas minhas tantas imagens
E em muitas das paisagens,
A que te introduzo
Sim, não  precisas dizer
É sonho e não estás aqui

Portanto não há o cheiro da caça
Para saciar minha fome, pena!
Pois não sabes das fantasias
Que trajo as minhas vontades
Inebriadas e perdidas de ternuras
Desassossegadas em meus desejos
Pelos lassos sabores desta boca
Tua, e que meu corpo incendeia

Argumentos: Claudia Valéria
Participação: Véio China

*Mais um de Clódinha!
Esse..este sim, tórrido como um dia inclemente
do mais insano verão.

hehehe

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Além-Mar



Felina sim! Mas na ternura sou a mulher que arderá no ninho dos amores proibidos, um lugar que somente eu sei da rota e onde se vive intensamente. Compreendas, posso levar-te a esses lugares inimagináveis e em tantas outras extraordinárias viagens. Decidas agora se me queres menina mulher ou a onça que madura esturra no fogo das minhas entranhas

Ah amor! A saudade me era tanta
Que em plena tarde deitei à alcova
E pensei na maciez dos teus braços
E nos lábios sussurrando bobagens
Em meus ouvidos ávidos por elas

...Porém o meu corpo insatisfeito queimava e então me levantei e segui para a varanda onde sentada flertei com as estrelas que pairavam sobre a serenidade do oceano.  A tocante nostalgia estava ali no cheiro do mar e na melodia dos ventos quando inexplicavelmente lágrimas desceram de mim e banharam-me as faces - Algo persistia faltando e logo percebi que eras tu – E te quis ali ao meu lado e naquele instante. E te quis com as mãos nas minhas ao caminharmos pela praia sentindo nas solas dos pés as areia ainda quentes de uma tarde de verão. Sim, e esse mesmo dia se definharia em devaneios e cederia à cumplicidade duma lua cheia que contornar a minha silhueta na moldura da paixão.
E tudo insistiria e a saudade e meus pensamentos viajariam até um delicado momento onde suspiraria, pois na verdade não estavas ali. E melancólicos os meus olhos se voltariam para o mar e veriam o luar refletido nas águas num mesmo tempo em que acanhadas vagas se quebravam na praia. E a tristeza cederia lugar ao encanto e eu namoraria o chegar daquelas pequenas ondas que, depois retornariam tranquilas para o mar. E o instante e o cheiro e o vento me fariam consciente do simbolismo de tão magnífica paisagem, e então compreenderia que ao chegarem me trouxeram esperanças e retornando carregaram junto delas as minhas tristezas para um além-mar...

Subitamente fui arrancada deste devaneio e sorri ao pressentir que virias e te tornarias um porto seguro. E vou esperar por esse dia com a mesma ânsia da onça e aguardar o instante que, atracando recolheras as embarcações repletas de mim.
Ah meu amor, venhas logo e não demores tanto! Venhas e carrega-me em teus braços e faças de mim um dos motivos da tua loucura.

Argumentos: Claudia Valeria
Colaboração: Véio China

*Eu e a minha querida amiga e ótima poetisa Cláudia (sim, ela vai dizer que não!)  nos conhecemos numa comunidade chamada Bar do Escritor (Orkut) Sei que conversando recentemente Cláudia me desafiou a elaborar um texto com algumas linhas mestras dos seus pensamentos. Bem, tentei e gostei de brincar com elas. Porém a dúvida... talvez com as minhas mexidas tenham perdido a leveza da mulher.
Mas também Claudia...tu há de me dar o crédito: Jamais fui mulher! hehehe

sábado, 1 de dezembro de 2012

A espera


Queres uma poesia
Mas ainda não sei volvê-la
Meus sentimentos voam
Planam e são águias incertas

Que pousam em teu olhar
Cura para as tantas dores

Suspiras por uma poesia
Que ainda não sei contrair
Poesia talvez seja um parto
Doloroso, difícil, prematuro

Onde a aflição dos que amam
Rezam o aguardo da sobrevida

Desejas tanto uma poesia?
Sim, desejas, mas não a fiz
Apenas fito os teus olhos
E contorno as imaginárias

Linhas dos teus lábios
Ao ouvir-te calma voz

Questionas se esqueço a poesia?
Não questiones baby! Eu a farei
Poesia me é assim como o amor
É igual ao ódio, esperança e dor

Poesia é a mera questão do tempo
Onde toda a existência se acomoda

Copirraiti01Dez2012
Veio China©

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mortos-Vivos

Assassinado o que acreditamos fenecemos o EU
Tornando-nos apenas mortos-vivos
Desses que levantam para novamente deitar.

E quando a morte se faz por nós mesmos
Levamos para um caixão ainda em vida
A pujança do Fogo, do Ar, da Terra e Água
Motrizes plenas de todas as sensações vivas
Forças geradoras que sinalizam para a vida
Inequívoca e única e o motivo de estarmos aqui.
Digladiados entre o bem e mal, razão e emoção

E cedo á razão ao não mais sentir-te  as emoções
O jeito que te me entregas ou que te restou no olhar.
Pois aniquilei toda sandices e teus cruéis personagens

Sim, foi doloroso extrair as mentiras nas tuas verdades
Assim como dilacera-me agora ver teus olhos cerrados
Pois lembro-me deles ainda sorrindo e gostava tanto 
Recordo também tuas palavras que um dia juraram
Celebrar unicamente a verdade, como por exemplo
Tua paixão por mim, raios de sol e noites de lua cheia
Enquanto eu sorria no mesmo verde das tuas pradarias

E agora é tão triste me ver no lugar no qual estou
Perturba-me este odor, o doce cheiro da morte
Se desprendendo como suor nestas flores eternas

Desespera-me colorido destas pétalas aveludadas
E das rosas que em tons avermelhados te ladeiam
Entendas, te lamentam ao acariciarem-te a silhueta. 
Enfim... Não há do que te queixares, enfim,  hoje
E tão somente hoje elas te serão companhias
Já que são as únicas testemunhas dum sentimento
Que carne-unha riuiu juntamente a ti; O amor

Portanto celebro a vida, não a tua, mas a minha
Pois ainda sopra dentro de mim as força e vida
Assim como demais os elementos da natureza

Sim, confesso-te que por vezes me senti morto
Mas ressuscitei no agora e assim me sinto lúcido
Afinal, aquelas mortes jamais foram as minhas
Todavia dona, me dói muito e te peço desculpas
Pois me é impossível abandonar--te sem sepultar
Ah..minha doce e insensível senhora...
Se soubesses a dor quando se enterra um morto-vivo...

Copirraiti13Nov2012
Véio China ©
**Estranho..amanheci pensando em Nelson Rodrigues...

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A ferro e fogo




Vou falar das linhas que não mais se deitam
E da poesia abandonada e da falta que sinto
Vou falar da vozes que agora não sentenciam
Do olhar vago que não vive para  contemplar

Descolorimo-nos nas trincheiras, soldados sobre minas
Um navio de medos zarpando, deixando à beira do cais
A tristeza do homem, o aceno de mão, embargo da voz
Ao olhar a nau que desafiará um mar inaudível aos ais

Portanto fostes a  fantasia, ilusão daquilo que foi sonho
Um mar que arrebentou lá fora e levou a nau e a paixão
Deixando quimeras e prantos soluçando ilusões no sujeito
Que não mais sonhará ,pois viverá apenas para fantasias...
....
Ah, é cruel a imaginação que nesta hora  me toca 
Ao reinventar o enigma dos teus castos sorrisos
E um tênue olhar nostálgico que encanta as rosas;
Flores nos tons do sangue que florescem no jardim

E estou acordado, louco fantasma a imaginar os sorrisos das pétalas
E há sol e ele parece feliz ao acariciar um  beija-flor que bate as asas
Que reverenciam a ação dos ventos, e se locupletam nas paisagens
Colorindo-se nas matizes, vestindo nuvens, tingindo de cores o céu

E nele o azul mais exuberante que vi 
Um tom onde os olhos se acalmam
Desses que não ousamos em sonhos
Pois realizam somente na imaginação

Copirraiti30Out2012
Véio China©




Copirraiti30Out2012
Véio China©

domingo, 21 de outubro de 2012

Surpresa de Feira

Na feira hoje encontrei
Uma coisa que nada paga
Algo que jamais trocarei
Carinho que me afaga

Na feira hoje encontrei
Poema com sentimento
Cair uma lagrima deixei
De puro contentamento

Na feira hoje encontrei
Essa pessoa de amor
De ledice eu pulei
Ao sentir tanto calor

Na feira hoje encontrei
O Véio China, será?
Ou o Eduardo não sei
Eu não soube enxergar

Quem sabe essa mistura
Ficção e realidade
Que fez essa criatura
Encantar-me de verdade.

Hoje na feira vou deixar
O mais puro sentimento
Esse  que nos faz voar
Faz-nos leve feito vento

 Beijos Véio ... sem palavras!

*Um carinho da poesia de Raquel Ordones no coração do Véio China.
Obrigado Kell! Sempre!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Toques



Hoje o dia foi duro, um dia dolorido
Foi dia que me perdi do seu perfume
Confundido ao etnreolhar-me na ilusão
Angústias daquilo que não foi o amor

Moça, hoje foi um dia triste, acredite
Não houve toques para  meu celular
Só silêncio, a falta da voz da mulher
Que me diz: oi amor, está tudo bem?

Hoje me senti herói ao duelar com a melancolia
Pois sua voz ainda dormia em minha lembrança
Quando os meus trêmulos dedos da mão direita
Tristes, excluiram suas mensagens da caixa postal

Copirraiti11Ou2012
Véio China ©

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Viagem Insólita



Quisera eu
Que o tempo fosse apenas tempo
Algo manipulado e que impusesse à lembrança
Relacionamentos eternos mesmo que distantes
Desses que não se abalam ao longo da  trajetória
Que reagem brado às revoluções da sua  história

Quisera eu
Que o tempo fosse nada menos que o tempo
Ao  me deixar sonhar e sem levar-me da memória
Coisas jamais vividas como um cheiro de tua pele
A umidade do teu corpo e o amante sorriso do olhar
Ora tempo! O que pedi se não apenas o querer amar?

Enfim, quisera que o tempo sendo a determinação do espaço
Desatasse-me das incertezas e que ainda houvesse um tempo
De viver não apenas os pensamentos, mas a crueza dos fatos
Que não permitiu o toque da tez e nem os sussurros dos lábios
Num encontro ansiosamente esperado, mas que não  foi vivido
No suposto de nosso amor que, devastado nos medos feneceu

Copirraiti10Out2012
Véio China©

*ica

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Concreto

Concreto é o que jorra
Das mentes, palavras e afetos
Concreto é o que pulsa
Nas veias, índoles, desafetos


Enfim, concreto é apenas concreto
Agregado de pedra, água e cimento
Endurecendo o exibicionismo humano
Em vaidades vis e sem discernimento

Copirraiti28Set2012
Véio China®

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Giz



No quadro-negro
O amor se dissipou
Retornando ao pó
Branco, amarelo, azul

Sem qualquer vestígio no apagador
Supõe-se que o giz foi  assoprado
Pela dissimulação que se urde no peito
Ou nas mentiras que se proclamam razão

Copirrai14Set2012
Véio China©

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Carnívora

Dentes teus que penetram frios
A fincar como garras nas costas
Ao que a língua me lambe infame
Sentindo o gosto de mim, incauta
Impotente presa de tua fome

Que te excita e refuta o torpor
Então da carne sentes o calor
E no exalo da pele um odor
Que te enlouquece no ardor
De excretar de mim o sabor

Foi tua tocaia, perfeita, capitulo-me
Ao esturro da onça vil e carnívora
Que ora se aninha doce em meu peito
Depois de devorar-me ao meio do leito
Na fúria da posse e no delírio do amor


Copirraiti28Ago2012
Eduardo Pavani ©

sábado, 7 de julho de 2012

Erros

Preciso aprender a controlar a fúria
das minhas palavras
Fazer da minha poesia paisagem calma
Onde não há pedras,
Onde não há erros

Observar atenta cada virgula, cada letra
contar as sílabas dos meus vãos sonetos
Preciso alentar meus verbos
Fazê-los concordar com a vida

Eu preciso nas minhas letras densas
Que o medo imenso
Já não seja prepositivo
Que os meus motes então não firam

Preciso deixar tempo e pessoas
que vão comigo no infinitivo
Guardar meus erros em meus escritos
enquanto a alma se ameniza

By Cristhina Rangel.


Um poema de minha amiga Cristhina
homenageando o Véio China pelo
relacionamento do dia-a-dia no BDE
uma comunidade literária do Orkut

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Anjos e Demônios


Somos anjos e demônios.
Enquanto anjo visita-te a doçura das preces
Que dedilha  poros e suga as tuas cavidades

E assim entre desejos e rubores é que te escancaras
Permitindo um beijar-te a  boca e acariciar-te o sexo
Num mesmo suave e costumeiro jeito de nos possuir 
Sorvendo-nos  o que se excreta na libido dos corpos

Porém nem sempre me quererás assim; Doce, sacro e santo.
Por vezes tornar-me-ás brasas e vestirás em mim o demônio
Que lateja em ti as profanas chamas que nunca adormecem
Desafiando-me os gemidos que se partilham pelas paredes
Como pudessem elas ocultar os segredos dos meus prazeres
Ou o momento espúrio onde não te importas em ser dona de ti
Pois me imploras perversa naqueles lábios devassos e carmins

- Cara,  venha! Aqui jamais o solo é santo
E nem tampouco você é o meu anjo agora!

Sim! É certo que te ouvirei um riso debochado
No instante que me revelas que teu peito ofega
E o momento é aquele, é hora, é bote de cobra:

- Venhas! Penetra-me rápido seu descarado! –
Ordenará a serpente que na cama rasteja em ti

Ora! O que importa é a iminência do prazer que concedo
Na pele que me vestes;  a do pobre diabo que te convém

Insatisfeita insistirás sedução e serás por mim possuída  
Para desfalecer no gozo que te escorrerá entre as pernas
Então me olharás vadia e recolocaras a diminuta calcinha
E sutiã transparente naquela irresistível tonalidade sangue

Depois o silêncio dos gemidos e tudo como sempre foi;
Sorrindo-me te levantarás e seguirás para o banheiro
E ali como de costume inspecionarás a  tua imagem
Caras e bocas e as mãos deslizando pelos fartos seios

Da cama os meus olhos te perseguirão e pelo vão da porta entreaberta
Apreciarão as estonteantes curvas vestidas na insensata lingerie grená
Então será o meu momento e sorrirei descarado acendendo o cigarro
Que expelirá fumaças que serpentearão ao reflexo do espelho no teto


Copirraiti 2011Set21
Véio China©

domingo, 24 de junho de 2012

Trevas


Trevas

Há trevas
Na luz que cega os galhos
Secos e apodrecidos
Que se tombam inertes
Em corpos pútridos
Feitos da raiz de nós

Há trevas na existência
E em todos os supostos deleites
Que aparentando brilho turvam vidas
Obscurecendo olhos, estancando veios 
Que sem a seiva não mais lacrimejam
Os conformismos deleitados em pó

Copirraiti23Jun2012
Veio China©

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fascínio


Há feitiço  na tua expressão
Que ora diz sim, outra não
Mas que sabes, incita-me  
Em insofismável fascínio

Há feitiço em cada linha do teu rosto
E neste sorriso que rompendo o dia
Desafia tolos e suas falsas crendices
De não verem na vida algo de magia

Há em você um feitiço, o maior de todos:
Um olhar de quem oculta pedras preciosas  
Que se encantam nos atalhos das  mil rotas
Seduzindo-me como os olhos de uma naja


Copiiraiti12Jun2012
Véio China ©

terça-feira, 5 de junho de 2012

Let It Be

Tudo soou tão estranho
E o "fora" pareceu agravar a situação
Agora em cantos opostos eu olhava pra ela,
pros longos e azulados cabelos dela,
e eles bailavam nas curvas da cintura
como nada houvesse acontecido, ninguém ferido
Por um minuto pensei, aliás, eu não, o amor próprio:
Que não era necessário alguém me convencer
que eu era o garoto mais maneiro do lugar
O que poderia ter visto naquele loirinho magro
de pernas tortas enfiadas na justa calça Lee?
Algumas garotas passaram e uma delas olhou interessada
E era bonita, se insinuava, mas eu não as notava
A vontade apenas de ficar ali no canto, parado
num rosto fosforescido nas luzes negras
 a olhar os azulados cabelos que dançavam
no compasso da música que se iniciava
E a voz ecoou nas potentes caixas de som,
doce, apaixonada, e de alguém que conhecíamos,
doçura que não suavizava o gosto amargo da minha boca,
o momento ou os sentimentos que eu experimentava
Let It Be... Let It Be
Foi a primeira vez que ouvi aquela canção dos Beatles 
Deixe assim... deixe estar, pedia Paul
num baile que prosseguiu, isqueiro, cigarros e um rapa pra cuba
O que mais poderia fazer a não ser estar ali e destroçado?
Foi então que bebi o que doeu ouvindo os heróis da minha geração,
reis sufocados de fama, de grana,  de gritos e obsessões
Garotos que quase nada sabiam a não ser cantarem para um mundo,
que queriam livre, para eles, para mim, e uma recente juventude 
que nem tão jovem era

Copirráiti jul/2008
Véio China®

Asas

 Mesmo que não houvesse olhos
Talvez eu não os precisasse

E se dos lábios sentisse a falta
Será que os necessitasse?

Enfim, há algo de simbólico
No coração que pulsa perfeito

E ele toca
Vê, ele fala
Anjo, amo você

(Eduardo Pavani)

Onça

As vezes um urro
Suas unhas fincam minhas costas
Causam dor, apesar de saber, é amor
Noutras seus murmúrios me arrepiam
Escapando dos lábios de hortelã
Um doce toar das mil lições de amor

Ah, Maria, branca, rosa, Maria Flor!
Mesmo não misturados amor e dor
Causam-me medo, espanto e diversão
Afinal, inopinada, de insólita previsão
Na fúria sou a presa, devora-me a leoa
Quando onça, lambe doce, faz-me a cria

Eduardo Pavani

Azul

Azul

Ah azul....

Azul que me encanta
Emanando do mar
Perdurando nos céus
E abraçando essa Terra

Por vezes
Com o desespero de um pai
Ou as dores da mãe,
Mas sempre, sempre....

Com desmedido amor


Eduardo Pavani

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Pilares de Maio


Não são teus esses meus olhos
Nem esta boca, pernas e braços
Serei mais preciso
Nem mesmo meus pensamentos
Tão confusos e incertos
São teus ou do teu conhecimento

O que pode de haver especial em mim
Se no espelho fui passado
E hoje me atraco no presente
Que não me faz covarde ou valente
Pois o término é no fim do muro
E ao futuro é que a vida pertence

Portanto não olhas o que vejo
Não carregas o peso
a que me atrevo
Nem segues as rotas das pernas que não falam
Pois caminharam estreitos, imprecisos, escusos
Feitos de atalhos zombados às gargalhadas

Assim nada há de especial em mim
Talvez  te excites a forma inconsistente do meu ser
Este meu levar a vida vislumbrando nada, supondo tudo
Algo parecido ao receituário inexato e de prazo  vencido
A medicar sanidades que me insuflam e afrontam
E dobram-me nos joelhos, mas que jamais me carregam

Talvez eu seja apenas essas tolas bobagens
Ou o acaso daquilo que é frágil me imaginar:
Um sobrevivente sem a menor compaixão
Desses que não sabem se há o sofrer nos amores
Ou sequer se há cores nos olhos da paixão
Por fim; A irritadiça inércia em solo vadio

Pois bem...

Pensem o que quiserem
Isso pouco ou quase nada se me dá
Pois debaixo de minha pele curtida
A vida mecaniza sentimentos selados
Contudo há tons de esperança no sujeito que estou
E outras cores haverão além dos alvos fios da barba

 Enfim...

Sinto-me um cara apaixonado que planeja ser feliz
Reavendo do tempo o tempo que o tempo levou
Pois meus pilares de Maio estão mais fortes que nunca
E são como as águias forjadas no mais puro aço
Que não se sustentam em sonhos sem poesias
Ou nos poetas que planam sem quaisquer fantasias

Eduardo Pavani 11/05/2012
Para alguém...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A varanda

Neste céu salpicado de estrelas
Os astros brilham duma forma que jamais vi
Aqui no campo não há a algazarra dos motores,
Ou pessoas amedrontadas no apartamento ao lado
Aqui  a natureza  fecunda e gera odores e  sons
Cheiros que jamais se misturarão à nefasta poluição
Ou ao tabagismo crônico da minha insone estupidez

E eu apenas olho, sinto e me apego na escuridão
Numa noite que me oferta mais que os faróis dos carros
Ou as luzes de emergência das saídas de cinemas
Mas sim o murmúrio das copas que me brindam
Com as pequenas luzes de sensíveis vaga-lumes
Que cintilam  sagradas, verdes, candentes
Como se fossem pisca-pisca numa árvore de natal .

E é nessa calmaria entrecortada pelas preces dos grilos
E todos os tons duma primaveril atmosfera
Que inspiro o cheiro da terra molhada, do mato orvalhado
Absorvendo todos  odores que se fundem ao ar, gélido
E se misturam e impregnam-se nas minhas narinas,
Corando-me as faces, afetando-me na sanidade dos pulmões
Miseravelmente tão afeitos à degradação da grande cidade

Assim, ajeito-me numa cadeira de balanço da varanda
E sem pensar em nada que não seja o vaivém do movimento
Trago um, dois, quase meio maço de cigarros
Num ato injusto de macular a perfeição que me acerca
Atitude horrenda e espúria que faz perpetuar em mim
A crua  natureza da humana insensibilidade
Diante das coisas de Deus e de tão bucólicas paisagens



Copirraiti 02Mai2012
Edu Pavani

*Adaptado de parte do conto "Marcela, eu, e um dia na roça"
Para Marselha.

sábado, 21 de abril de 2012

Pétalas de outono

Por que há tantas pedras em minhas mãos?
Talvez porque aja em mim o covarde confinado
Fracasso degustado em fogo brando
Temperado de angústias e madrugadas
Então saibas poltrão! Queiras mais,
Sejas mais que o fatigado sabor aveludado
Das belas e melancólicas pétalas de outono

E por que essas pedras pranteiam em minhas mãos?
Lacrimejam pois não há o meu desejo de aniquilá-las
Senão apenas a solitude dum esforço pérfido
De proteger-me do que restou junto a nave mãe,
Numa desastrada tentativa de rever-se enganos   
Traços vitais de todas inverdades e crenças abarcadas
Afinal, poucas verdades jamais saciam os mentirosos

Porém a pergunta insiste e nunca cala:
Até onde renegarei a legitimidade daquilo que em mim não se opera?
Não sei e jamais saberei! Sou o frio, calor, broto de flor, sou folha seca
Me visto na morbidez e a intempérie que açoita as quatro estações
Insensível e inequívoco engano que não ousa como o sonho do palhaço
Um anarquico logrando a vida naquilo que ela me dá de mais ordinário
Sou simplesmente um nada, ínfimo, menos que coisa qualquer

Enfim, o que há de humano e de desesperador agora lateja aqui
Nesse desacerto, nesta estrela ofuscada num céu de breu,
Nesse tolo intérprete de cansados scripts mitigados 
Um farsante que sem o julgo se decreta na própria sentença
Da ambigüidade consumida nos três cantos da consciência
Enfim, sou água contaminada que jamais perfura pedra dura

E esses talvez são os motivos delas criarem afetos em minhas mãos
Sensações amargas que se distanciam das pétalas do outono que quis
Pois o que acaricio são somente pedras, frias, rijas, insensíveis
Pedras que um dia serão lançadas a penitencia que me proponho
De chegar o momento de refletir-me num cálido sorriso de criança
E nele abominar-me o espelhado e as tantas hipocrisias impostas
Nos dolorosos contornos escolhidos e na falsas fendas que murgulhei

Véio China ©
21/04/2012

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Ao pé da serra

É amor
E é tão forte
Que sobreviveu aos meus tolos desenganos
Ludibriando raposas astutas
E o insano gargalho de noturnas hienas

É amor
Um amor tão pujante e puro
Que penso, só desistará de mim ou de você
Quando em um de nós não mais houver o sopro

É amor, definitivamente é amor
Um amor tão límpido, tão lindo
Que peço-lhe, se a ordem cronológica vingar
Guarde-me em pequena caixa de madeira de Lei

Pois há em nós o sentimento perfeito
Que  unirá e nos tornará apenas pó
Negras cinzas que num melancolico lamento
Serão levadas pelos sabores do vento

E quando a magia do momento chegar
A poeira lançada afagará a singeleza verde
Um brinde à cumplicidade fértil do solo mineiro
Ante o olhar complacente da Serra do Paraíso

Eduardo Pavani
11/05/2012

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Noctívago

Talvez

A madrugada seja unicamente a ilusão
Um falcão de coração apertado
Que mira a caça com os olhos fincados


Talvez

A madrugada seja nada mais que murmúrios
O lamento rajando como o vento de fora
Um uivo que desimporta no rogo das horas


Talvez, e só talvez

A madrugada seja apenas a mulher que vai me matar
Com requintes do que não sei, sem me deixar saber
Se de amor, por dor, ou num reles prazer


Copirraiti 08/02/2011
Véio China©