domingo, 24 de junho de 2012

Trevas


Trevas

Há trevas
Na luz que cega os galhos
Secos e apodrecidos
Que se tombam inertes
Em corpos pútridos
Feitos da raiz de nós

Há trevas na existência
E em todos os supostos deleites
Que aparentando brilho turvam vidas
Obscurecendo olhos, estancando veios 
Que sem a seiva não mais lacrimejam
Os conformismos deleitados em pó

Copirraiti23Jun2012
Veio China©

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Fascínio


Há feitiço  na tua expressão
Que ora diz sim, outra não
Mas que sabes, incita-me  
Em insofismável fascínio

Há feitiço em cada linha do teu rosto
E neste sorriso que rompendo o dia
Desafia tolos e suas falsas crendices
De não verem na vida algo de magia

Há em você um feitiço, o maior de todos:
Um olhar de quem oculta pedras preciosas  
Que se encantam nos atalhos das  mil rotas
Seduzindo-me como os olhos de uma naja


Copiiraiti12Jun2012
Véio China ©

terça-feira, 5 de junho de 2012

Let It Be

Tudo soou tão estranho
E o "fora" pareceu agravar a situação
Agora em cantos opostos eu olhava pra ela,
pros longos e azulados cabelos dela,
e eles bailavam nas curvas da cintura
como nada houvesse acontecido, ninguém ferido
Por um minuto pensei, aliás, eu não, o amor próprio:
Que não era necessário alguém me convencer
que eu era o garoto mais maneiro do lugar
O que poderia ter visto naquele loirinho magro
de pernas tortas enfiadas na justa calça Lee?
Algumas garotas passaram e uma delas olhou interessada
E era bonita, se insinuava, mas eu não as notava
A vontade apenas de ficar ali no canto, parado
num rosto fosforescido nas luzes negras
 a olhar os azulados cabelos que dançavam
no compasso da música que se iniciava
E a voz ecoou nas potentes caixas de som,
doce, apaixonada, e de alguém que conhecíamos,
doçura que não suavizava o gosto amargo da minha boca,
o momento ou os sentimentos que eu experimentava
Let It Be... Let It Be
Foi a primeira vez que ouvi aquela canção dos Beatles 
Deixe assim... deixe estar, pedia Paul
num baile que prosseguiu, isqueiro, cigarros e um rapa pra cuba
O que mais poderia fazer a não ser estar ali e destroçado?
Foi então que bebi o que doeu ouvindo os heróis da minha geração,
reis sufocados de fama, de grana,  de gritos e obsessões
Garotos que quase nada sabiam a não ser cantarem para um mundo,
que queriam livre, para eles, para mim, e uma recente juventude 
que nem tão jovem era

Copirráiti jul/2008
Véio China®

Asas

 Mesmo que não houvesse olhos
Talvez eu não os precisasse

E se dos lábios sentisse a falta
Será que os necessitasse?

Enfim, há algo de simbólico
No coração que pulsa perfeito

E ele toca
Vê, ele fala
Anjo, amo você

(Eduardo Pavani)

Onça

As vezes um urro
Suas unhas fincam minhas costas
Causam dor, apesar de saber, é amor
Noutras seus murmúrios me arrepiam
Escapando dos lábios de hortelã
Um doce toar das mil lições de amor

Ah, Maria, branca, rosa, Maria Flor!
Mesmo não misturados amor e dor
Causam-me medo, espanto e diversão
Afinal, inopinada, de insólita previsão
Na fúria sou a presa, devora-me a leoa
Quando onça, lambe doce, faz-me a cria

Eduardo Pavani

Azul

Azul

Ah azul....

Azul que me encanta
Emanando do mar
Perdurando nos céus
E abraçando essa Terra

Por vezes
Com o desespero de um pai
Ou as dores da mãe,
Mas sempre, sempre....

Com desmedido amor


Eduardo Pavani