domingo, 22 de dezembro de 2013

Matizes

Desafia o decifrar do amor
Seria o amor, púrpuro
Um tom não contumaz?
Alipas, não poderia ser
Branco
Negro
Azul...
Ou tanto faz?

E se ele fosse lilás?
Cor andrógena
De amalgamadas matizes
Entretanto...
E se vermelho o amor for?
Sim, possibilidade da razão
Carmim, a gradação ardente
A cor dos gemidos e prazeres

Ah... o amor!
Por mais que me atrevo a pintá-lo
Sei que nele não haverá cor
E se num tempo houver
Será o tom que a ele se propor
E ele se ostentará nos olhares
Nas madrugadas, crimes e castigos
A se enfileirar na carreira de dentes afiados

Noutras,
Será apenas o decantar da poesia menina
Dessas, contraditórias e de sorriso pueril
A vingar num amor que perdurará instantes
Ao reviver das calmarias e nos mil repentes
Dos olhos ardentes e das nuances calientes
Assim como presas mortais  duma serpente
Ao se imolar, abatida pelo guizo do tempo

Enfim..

Amar é o dom de se manter feliz
É o esmaecer no receio dos medos
Que os carregamos também
É a água das chuvas densas
Que molham, molham e molham
E me encharcam.
De cores que, me tingindo
Diluem-me em aquarelas

Copirraiti07Dez2013
Véio China©

Um comentário:

  1. Este é um dos meus prediletos! impossível não sentir na rebombar a alma quando leio ou sinto a cor, os tons e as matizes. O poema inteiro é lindo! mas algumas frases dele em especial me tiraram o fôlego...

    É o esmaecer no receio dos medos...
    (...)
    Que molham, molham e molham
    E me encharcam.
    De cores que, me tingindo
    Diluem-me em aquarelas...

    Simplesmente arte meu amigo! Beijo grande.

    ResponderExcluir