segunda-feira, 20 de maio de 2013

Rabo-de-Galo (Para Bento Calaça)


O Rabo-de-Galo ( Para Bento Calaça)

O homem das Alagoas veio a São Paulo
Degustou churrasco e frango à passarinho
Distante de suas iguarias indígenas e africanas
Culinárias típicas afeitas ao seu paladar do dia a dia
Como a tapioca, cuscuz de milho, massa de bolo puba

Sorriu para todos, sentado à mesa com os amigos de Bar
Comeu galeto magro, arroz farofa e pão com vinagrete
E não reclamou a falta do seu maçunim, fritada de siri,
O sururu e a peixada com pirão e molho apimentando
Generosamente regados ao melhor leite de coco da terra

Não lhe deram sobremesas, nem arroz doce, inhame
A macaxeira com a carne de sol, o beiju,
Grude de goma, pé de moleque,
Ninguém falou em munguzá, canjica e pamonha
Jaca, mangaba, pitanga, sapoti, caju e cajá

Eita homi da mulésta e bicho arretado esse tal de Calaça
Que deixando seus hábitos de lado veio dar num Flat no Paraíso
Onde me disse que pra se usar o toalete foi necessário ter cartão
Tarjado, magnético, antiético, olhar irritado com o treco complicado
Mas pra tudo isso não fez caso, quis fotos, amigos e abraços

No final e antes de abandonar os nossos olhares ébrios
E as loucas noites dos tons cinzas da terra da garoa
Um último pedido seu foi feito ( e plenamente atendido)
- Mano velho, apesar deste meu olhar perplexo e angustiado
Para um oceano de carros e prédios de cimento armado
Não quero retornar minha saudosa e ensolarada Maceió
Sem beber da lenda que trago no peito criança: O “Rabo-de-Galo”

Copirraiti17Mai2013
Véio China©