domingo, 18 de maio de 2014

Enganos

A dor se manifesta, mas não se imprime
Em tonalidade de lamentos, ou se lança
Ao calor dos beijos que passado refuta
Ou aos murmúrios cálidos de um amor
Que muitos sabem, desabou fracassado

Dores não se alardeiam ou partilham
São solitudes pactuando penitencias
Ao silêncio das paredes dum quarto
Repleto de roupas, livros, cobertores
Cúmplices mudos à ordem dos fatos

Assim é a dor; um eterno desafio a autoestima
Privilegiado aquele que por ela se sentir tocado
Pois paulatinamente sem notar, os insensíveis
Amargam-se abandonados como um cão vadio
Refém da rudeza duma vida onde não há afago

Logo, dor maior é aquela que nos trancafia na redoma das inverdades
Nas mentiras ditas por nós aos nossos olhos encharcados de poeiras
A vislumbrar ansiedades que persistem, mas recusam o arfar do peito
Na farsa consentida pelo coração que ao tempo transformou cúmplice
O pulsar cruel e disrítmico diante a fragilidade nostálgica das emoções


Copirraiti17Mai2014
Véio China©

sábado, 8 de março de 2014

Frágil




Há algo que no dentro de mim conspira
Um exército de mesquinhez e malfeitores
Alardeando que por hora não se inspira
Nos contos de fadas ou eternos amores

Há algo além, vago, à caminho do cerne
Que se ajoelha diante da batalha perdida
E ao corte da navalha que expõe a carne
Do reinado de um rei devastado em vida

Há algo frágil, e do meio pros cantos
Faminto de rubro vinho embrutecido
E da embriagada luxúria dos prantos
Dum Eu posto em taça, desconhecido

Copirraiti08Mar2014
Véio China©

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Amour & Amour (Contradições)

Talvez seja-me desafiador falar dos amores
Pois busco na amplitude do Id melancólico
A lírica textura dum poeta oculto nas frases
A justificar as frivolidades do seu sentimento

O poeta é um mentiroso, é a lágrima seca
É o olhar  dissimulados a dizer que chora
São covardias que  farsa poética disseca
Sem  traduzir dos olhos o tom que  ama


O poeta fará da alegria e tristeza o poema, morfologia
Cultas frases lapidadas à mercê de sorrisos e lamentos
Então saiba; Olhos são mais fiéis que a sensível poesia
Pois as letras não ordenam  lealdades nos sentimentos

E esse é o motivo de ser-me difícil escrever o amor
Mas se te aprazas o mel sorvido no relacionamento
Eu o te darei, pois sou as tantas infinidades do ator
Dantes ouças  meu coração e decifres o batimento

Já que poesia alguma irá confessar o quanto ama
Assim como revelado nos tons da minha pulsação

Copirraiti17Fev2014
Véio China©
SCS


domingo, 16 de fevereiro de 2014

COLORS



Todos se amotinaram, relataram
A raiz, o cubo, e a dura verdade
Tons turvos que no ar evaporam
As cenas isentas de simplicidade

São dedos que apontam o que restou
É a solidão alcoolizada nas metáforas
São as nostalgias  que o vento exalou
Pássaro em riste sem  voo de alforria

Foram  ilusões  impondo o dolo e a crença
Pruma  sobrevida  de sensores emperrados
Um doce gosto de engano na boca criança
A farsa das traições nos olhos apaixonados

Sim, todos foram nos legando coisas extraídas
Numa existência que só agora as dívidas cobra
Nestas cicatrizes que hoje relembram  histórias
De mim, o tolo expulsando amores cova afora

Assim, jamais haverá o porquê de me queixar
Das  tonalidades dos olhos que  me quiseram
Todos estiveram ao meu alcance, aquém mar
Olhares nus, incautos, e que  tudo expuseram

Entretanto, não permiti o decifrar das matizes

Copirraiti02Fev2014
Véio China©

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Aos pedaços

Preciso repartir-me que nem elos
Engrenagens de aço na corrente
Articulando à direita, à esquerda
Fazendo parte do encaixe perfeito

É preciso doar-me, ser gomo
De laranja, da fruta do conde
Ser degustado nos paladares
Que me consumam vísceras

Essencial é ser a fera em natureza
Leão, tigre, no negrura da pantera
A ocultar-se em evidentes fatores
Que rujam cantigas da possessão

Crucial me é voltar à vida dos velhos sentimentos
À tensa ansiedade e aos suores na palma da mão
Que um dia me fizeram acreditar que houve amor
Naqueles olhos que sorriam ante inequívoca paixão

Copirraiti26Jan2014
Véio China©.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Esencia


Com quais os olhos
Queres que te decifre?
Desejas expor-me o olhar do começo
Inflamando ternura, bradando amores
Ou aquele que viceja as tempestades
Trovejando libido ou ardendo paixão?

Afinal, quais são teus olhos agora?
Eles estão arrefecidos no espírito?
Penso - Talvez tenhas te dobrado ao tempo
Como ciclos amainados em brisas de verão
Fatos que beatos em castas razões clamam
Por credos santos num tribunal de redenção

Digas...
Eu aguardo
Não me toca a  pressa!

..............

Então...
Calas, nada dizes?
Pois que diga eu!

Não, não és e jamais serás santa
Pois o olhar que por ora me fita
É o dos olhos que de ti conheço
E há tempestades, raios e trovão
A fome necessária ao teu instinto
Entocado esturrando devassidão

Mas...Não, não abdiques do teu olhar
E mesmo que tentes ser um camaleão
Assim como o foi ao início e será no fim
Entendo ser presa e por ti serei vitimado
Pois não há as asas da paz em teu olhar
Pero, sólo los ojos de las tantas onzas

Copirraiti14Jan2014
Véio China©

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

ENIGMA

É NA COR DO
TEMPO

QUE ME DECIFRA O
VENTO

E ELE ESCORRE
DENSO

AO ME ESVAECER
LENTO.

LENTO..
LENTO...

Copirraiti06Jan2014
Véio China©