domingo, 18 de maio de 2014

Enganos

A dor se manifesta, mas não se imprime
Em tonalidade de lamentos, ou se lança
Ao calor dos beijos que passado refuta
Ou aos murmúrios cálidos de um amor
Que muitos sabem, desabou fracassado

Dores não se alardeiam ou partilham
São solitudes pactuando penitencias
Ao silêncio das paredes dum quarto
Repleto de roupas, livros, cobertores
Cúmplices mudos à ordem dos fatos

Assim é a dor; um eterno desafio a autoestima
Privilegiado aquele que por ela se sentir tocado
Pois paulatinamente sem notar, os insensíveis
Amargam-se abandonados como um cão vadio
Refém da rudeza duma vida onde não há afago

Logo, dor maior é aquela que nos trancafia na redoma das inverdades
Nas mentiras ditas por nós aos nossos olhos encharcados de poeiras
A vislumbrar ansiedades que persistem, mas recusam o arfar do peito
Na farsa consentida pelo coração que ao tempo transformou cúmplice
O pulsar cruel e disrítmico diante a fragilidade nostálgica das emoções


Copirraiti17Mai2014
Véio China©